As profissões
e os serviços que ainda insistem no modelo da era industrial
sucumbem rapidamente.
Vamos
falar de transporte urbano
O Uber
está acabando com os táxis, com os taxistas e todas
as regras criadas dentro dessa classe; de leis e regulamentos
à hereditariedade da posse das licenças.
O mesmo
Uber vai acabar com os motoristas de Uber investindo em carros
autônomos. É um conceito antropofágico, a
ouroboros, a cobra que engole o próprio rabo representando
o fluxo infinito da vida.
Os ônibus
vão caminhar na mesma direção, primeiro foram
os postos de trabalho abolidos dos cobradores, mais um pouco e
os motoristas também. Mais do que isso, talvez o próprio
ônibus perca parte de sua função.
O deslocamento
para pontos distintos da cidade pode desaparecer pelo simples
fato de que o trabalho poderá ser feito a partir da própria
casa.
Se não
todos, pelo menos aqueles mais burocráticos, que um computador
e mobília básica possam suprir. A própria
dinâmica das cidades tende a se modificar profundamente.
Grandes e onerosos prédios para abrigarem legiões
de funcionários, perderão sua finalidade; na mesma
linha, aglomerados para compras.
Talvez
essa seja uma das últimas gerações a viver
em cidades que ainda segue o modelo medieval de crescimento e
deslocamento. Um smartphone será suficiente para muita
coisa que ainda usa conceitos analógicos.
Sem grandes
deslocamentos em massa, a fonte de receita de um ônibus
vai desaparecer e com isso ele próprio.
Assim,
o ciclo da ouroboros se torna cada vez mais rápido. Uma
coisa engolindo outra coisa em semanas ou meses e que antes levava
décadas ou séculos.
O mesmo
mecanismo que criou dificuldade para vender facilidade vai definhar
até desaparecer.
O conceito
de mobilidade urbana e o desejo das pessoas passam por reformulações
gigantes. Bicicletas, motos, à pé,
mais perto de casa, na própria casa em detrimento do carro,
do ônibus, do táxi, do Uber. Tecnologia para se trabalhar
a partir de casa já existe e é segura. Talvez, melhor
que investir em ruas mais largas seja investir em redes de comunicação.
O ônibus
faz parte de um modelo que no geral caduca. Quem já percebeu
começou o movimento de mudança. Quem não
percebeu, vai protestar contra o aumento de tarifas ou vai moer
uma indignação nas redes sociais.
O fato
é que dentro do modelo vigente existem os contratos e os
custos envolvidos na prestação do serviço.
Uma das alegações é a redução
do volume de passageiro/quilômetro, um item que me
preocupa mais do que o reajuste dos salários e
o preço do óleo diesel e outros pontos de manutenção.
Menos
gente usando o serviço e as causas podem estar em:
A partir
de hoje, vigora uma nova tarifa aqui em Uberlândia e a prefeitura
explica os motivos. Por outro lado, a CDL (Câmara
dos Dirigentes Lojistas) local, uma das integrantes da Comissão
de Acompanhamento do Serviço Público do Transporte
de Passageiro, emitiu
nota com questionamentos.
E você
pode modificar seus conceitos, rever suas prioridades, questionar
a legislação, conversar com seus vizinhos, com os
vereadores. Por incrível que pareça, são
as pessoas, ainda que de forma silenciosa e independente, aparentemente
sem organização formal, que provocam a mudança
dos hábitos da sociedade.
A lógica
do crescimento e a dinâmica das cidades é que está
em reformulação, mais do que o preço de um
serviço. E você faz parte disso.