quinta-feira, 11 abril, 2013 10:02
Isso
não é lógico
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Divulgação/Marcio
Karsten |
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É
urgente a criação de massa cinzenta nas
empresas, de pessoas críticas, que perguntam e
causam desconforto |
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Percebe-se
uma grande massa de pessoas para as quais parece que não
faz o menor sentido antever as consequências de seus
atos. E, “isto é ilógico”, diria
Spock, personagem antológico de Star Trek.
As pessoas entram em financiamentos sem analisar seu potencial
de pagamento, sem vislumbrar possíveis desenlaces futuros
daquele comprometimento – de curto, médio e longo
prazo – como por exemplo, uma gravidez, uma demissão,
ou uma aposentadoria por invalidez ou similar.
Outro exemplo são as decisões relacionadas com
a carreira. Canso de receber currículos e chamadas
nas redes sociais de pessoas querendo uma oportunidade de
trabalho e, quando faço a simples pergunta “em
que área você quer trabalhar?”, me respondem
“qualquer uma”, “não tenho preferência”.
Mais um exemplo? Hoje, ao ir ao comércio em frente
de casa para comprar alguma coisa para o almoço, o
dono do estabelecimento me contou que um dos funcionários
“pediu a conta”, pois outro mercado ofereceu R$200,00
a mais para ele de salário.
Faltou matemática ao rapaz, faltou lógica. Ele
é vizinho do atual estabelecimento, não gasta
com condução, tem suas refeições
pagas, não trabalha nos domingos e feriados. No novo
emprego, terá todos os descontos (vale transporte,
vale alimentação) e trabalhará domingos
e feriados. Qual a vantagem? Eu não vi nenhuma, não
pela pífia diferença de rendimentos entre um
e outro.
Nas empresas, a consequência é ainda pior. Por
exemplo, se o profissional fizer uma operação
financeira ilegal, pode gerar multa para a empresa, se ele
deixar de polir uma peça, pode arruinar uma negociação,
se jogar óleo de corte direto no ralo, pode gerar autuação
pelo órgão ambiental competente, multa, e, até,
fechamento da empresa – culminando com sua demissão.
E o que leva a isso? A esta falta de lógica no comportamento?
Excesso de leis? Governo patriarcal demais? Excesso de opções?
Excesso de informação? Má formação
de profissionais? Maus professores? Falta de comprometimento?
Em minha opinião, um pouco de tudo, mas, principalmente,
não ter aprendido xadrez ou ter tido contato com linguagens
de programação.
Nestas duas áreas a pessoa se obriga a pensar nas relações
de causa-consequência, nos desmembramentos que a execução
de uma jogada ou a utilização de determinado
comando em um programa fazem a pessoa pensar no contexto.
Isto reflete, também, na elaboração de
planejamentos estratégicos nas empresas. Empresas em
que as pessoas não são críticas –
nem criticadas – é estabelecido o status quo,
a zona de conforto em que todos entram no clima do “ele
finge que manda, eu finjo que trabalho, a empresa finge que
entrega e o cliente finge que paga”, até que
a situação fica incontrolável e, por
azar (ou despreparo), o penalizado é o funcionário,
não o empresário. Sendo que, neste exemplo,
a culpa é do empresário, pois foi ele quem contratou
o tal funcionário. Devia, pelo menos, se demitir junto,
passando a empresa a uma administração profissional.
É
urgente a criação de massa cinzenta nas empresas,
de pessoas críticas, que perguntam e causam desconforto.
As pessoas devem parar de pensar no seu mundinho, nas suas
atividades e atribuições diárias, pensando
no todo, na operação da empresa, no desenvolvimento
de sua carreira profissional.
Assim, se você é funcionário, critique
seu chefe. Faça-o explicar corretamente o que espera
de você e seu desempenho. Se nada acontecer, é
melhor mudar – sem que seja necessário ser demitido.
Saia por livre e espontânea vontade, não espere
ser demitido.
Para
você, empresário uma dica para ter melhores resultados
com sua empresa: capacite seu pessoal, iniciando por aulas
de linguagem de computação ou xadrez.
Quanto mais lógica as pessoas da sua empresa tiverem,
melhores serão os resultados, desde que você,
empresário, as ouça. Dê a elas a oportunidade
de exporem suas críticas. E não somente escute,
OUÇA com atenção – aplique a arte
da escutatória.
Encare as críticas de forma positiva. Muitas soluções
podem advir de uma crítica bem feita, um questionamento
pontual, uma análise por outro ponto de vista. Todos
saem ganhando com um pouco mais de lógica nas empresas
e na vida.