Guerras, ataques terroristas e desastres naturais têm causado a destruição de monumentos históricos. Em 2015, o Estado Islâmico demoliu artefatos milenares do Museu de Mosul, no Iraque. No mesmo ano, patrimônios mundiais da Unesco foram danificados durante um terremoto ocorrido no Nepal. Para que a humanidade ainda possa apreciar o legado cultural de tantos povos foi lançado o Reclaiming History. No museu online, objetos históricos serão recriados virtualmente por meio de imagens 3D.
Reclaiming History é uma parceria entre a agência Ogilvy, a organização Pet Gorilla e o projeto #Unite4Heritage, da UNESCO. Tudo começou como Projeto Mosul, criado pelos pesquisadores americanos Chance Coughenour e Matthew Vincent em resposta aos ataques feitos pelo Estado Islâmico.
A dupla uniu seus conhecimentos em arqueologia e desenvolvimento web para criar uma plataforma onde pessoas pudessem apreciar reproduções 3D do que foi destruído no Museu Mosul.
Com as novas parcerias, o projeto evoluiu e resolveu abraçar mais espaços destruídos. “ReclaimingHistory.org fornece aos usuários uma experiência visualmente imersiva, encorajando-os a explorar os locais históricos que foram perdidos ao redor do mundo”, disse Matthew Vincent, em entrevista ao site Creative Pool.
A fotometria e as imagens 3D
Em muitos casos, a reconstrução física é impossível, quando o nível de destruição é intenso. Para poder recriar virtualmente os objetos perdidos, é preciso ter fotos e informações. Por isso, o museu online vai funcionar de forma colaborativa, com o apoio de voluntários, pesquisadores e pessoas comuns que estejam dispostas a contribuir com as imagens e registros dos monumentos atacados.
Diz Matthew ao Creative Pool: “a preservação digital da memória desse patrimônio fornece ao público não só uma maneira de se envolver com o que foi perdido, mas também de exercer um papel ativo tangível na sua preservação”.
Com as fotos em mãos, resta criar as versões 3D por meio da fotometria. Esse processo funciona de forma semelhante à vista humana. Cada um dos nossos olhos percebe imagens planas 2D. O cérebro utiliza as imagens de cada olho para criar a visualização 3D. Dessa forma, percebemos tudo o que existe ao nosso redor.
Na fotometria, o cérebro é substituído por algoritmos e centenas ou milhares de fotografias substituem os olhos. É possível, então, criar a reprodução 3D dos artefatos.
Além dos objetos, O Reclaiming History pretende recriar museus inteiros usando tecnologia interativa, para que usuários possam navegar por todas as instalações. “Eu acredito que a nova tecnologia torna possível preservar esses objetos, mesmo que tenham perdido sua realidade física”, disse Matthew Vincent, em entrevista ao site da revista Fast Company. “Ao permitir exposições interativas e, ao mesmo tempo, dar o contexto histórico, poderemos remodelar o que os museus são”, conclui.
Outra meta é utilizar impressoras 3D para recriar modelos reais, mas em miniatura, de todo o patrimônio histórico atacado, impressoras 3D estas que estão disponíveis para compra nos grandes market places digitais e que normalmente possuem um frete mais caro por conta do seu volume, mesmo que este seja enviado utilizando o rastreamento correios.
“Um presente para as gerações futuras”
Reclaiming History pretende cuidar para que a humanidade sempre tenha acesso ao seu legado histórico, independente do que venha a enfrentar no futuro. “Se pudermos usar o poder da tecnologia para preservar os monumentos culturais perdidos através do tempo por conflitos e desastres naturais, concentrando-os em um site central, isso será, esperançosamente, um presente para as gerações que estão por vir”, disse Corinna Falusi, chefe de criação da Ogilvy Nova York, em entrevista ao Creative Pool.
O Reclaiming History mostra quais monumentos foram destruídos e precisam de reconstrução visual. Boa parte deles se concentra no Oriente Médio. O Estado Islâmico já foi responsável pela degradação do antigo sítio arqueológico assírio de Nimrud, no Iraque. Ataques também afetaram a cidade de Hatra, considerada patrimônio mundial pela Unesco. O site revela artefatos destruídos em outros locais do mundo, como em países africanos e da América Central. Acesse e veja se você já visitou algum dos pontos turísticos e pode contribuir com fotos ou informações.